Sala de Literatura - Local Público

A sala onde antes os estudantes aprendiam literatura serve, hoje em dia, como dormitório. As cadeiras foram retiradas e, em seu lugar, estão agora vários sacos de dormir, cobertores e camas improvisadas. O único lugar de descanso para aqueles que já trabalharam o dia inteiro nas rondas de proteção da escola.

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Tarde chata.
Só isso que aquela tarde era, nada mais, nada menos. Como o tédio me corrompia não queria ficar em um só lugar, levantei da cadeira em que estava e saí andando pelo colégio, não por ele inteiro, mas quase isso. Já tinha ido ali, ali também, quase tudo, só tinha sobrado a sala de literatura, mas o que raios eu ia fazer lá? Bem, era o único lugar que ainda estava vazio, e eu queria mesmo ficar sozinha, pensar nos jogos que não consegui zerar antes do apocalipse, tinha um lá de zumbis, não lembrei o nome, mas era tão foda que eu morria sempre que chegava no segundo level, e o jogo era tão filho da puta que voltava tudo de novo. Matar zumbis, rs, que irônico. Os videogames não ajudaram em muita coisa no começo, acho que só a parte da resistência, o que mais me ajudou foi a minha obsessão por zumbis e coisas do tipo. Ok, o que fazer? Saí revirando as cadeiras pra ver se encontrava algum livro ou caderno pra fuçar, nada, nada, nada. Legal isso, muito legal. –And i will love you, baby... Always...– Cantarolei uma das minhas musicas preferidas do Bon Jovi e sentei no chão ao lado do quadro de cera. Queria um fone de ouvido aquela hora, sentia falta de ouvir minhas músicas, meu rock, mas dane-se, quem precisa de música pra cantar? Como não tinha ninguém continuei cantando e tocando minha guitarra imaginária, sentia falta da minha guitarra também, tinha conseguido salvar meu violão mas não tocava muito ele, porque? Bem, se uma corda quebrasse eu não teria como encontrar outra, sabe-se lá onde raios existe uma loja de instrumentos no meio do caos.